quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Produzindo textos pertecentes a gêneros de diferentes esferas

Crônica literária

Há relatos que entram na memória e que nunca mais são esquecidos. Mas o que experimentara naquele momento era diferente de tudo que sentia antes. O Cenário inicial era comum e cotidiano. Resisti, mas abri os olhos, consultei o relógio da cabeceira com a impressão de estar como sempre, atrasada. Levantei e caminhei até o banheiro, apesar de minhas pernas não estarem correspondendo totalmente aos meus comandos. Sento no vaso sanitário e sinto-me aliviada. Tento reagir à vontade delirante de voltar para cama. Passo a etapa da escovação dentária acompanhada por um leve lavar de rosto. A vontade de retornar para cama ainda persiste, contudo há um demônio dentro de mim que não me permite vagabundear. Já tentei matá-lo várias vezes, inutilmente. E assim, resta-me render ao impulso sustentado por um mundo simbólico que me fez acreditar que “o trabalho enobrece o homem”.
Decido-me, como todos os dias, ir para o trabalho. Ouço a campainha da porta. Enxugo o rosto e saio rapidamente do banheiro, parece que o diabo naquele dia estava decidido Nem tomei o cuidado de olhar pelo olho mágico e simplesmente abri a porta. Esperava qualquer um, mas não aquilo. Um homem caído na soleira. Fico a espreita com um olhar em torno do ambiente. Esperava por alguém que iria me fazer entender aquilo. Esperara em vão. Não há ninguém mais no corredor. Penso em entrar fechar a porta e esquecer tal episódio. Não consegui. Eu não me permitiria ficar indiferente. Então me abaixei e toquei naquele corpo de homem que em minha percepção era um cadáver. Olhei perto do rosto dele e o reconheci. Apesar da perplexidade e do medo que havia se instalado em mim, chamei alto seu nome. Mas não houve reação. Insisti no toque e no chamado. Mas nada aconteceu. Decidi por outra estratégica na esperança de haver tempo para o socorro. Corri em direção ao telefone e liguei para a central de polícia.
O guarda que me atendeu demorou uns quinze minutos para entender o que eu dizia e acreditar na narração. Contudo, em meia hora a frente de minha casa foi tomada por policiais e curiosos. Os fatos eram tratados com naturalidade.Tudo parecia apenas mais um episódio da vida. Apenas um corpo abandonado numa porta sem nenhuma explicação torna-se aparentemente banal. Mas se pensamos em Marcos, um senhor aposentado, um homem comum que enfartou em função de um susto causado por um assalto de migalhas de reais, poderia transformar os fatos num enigma para a existência. Um caminho para a revolução mental capaz de suscitar revolução econômica e política para a humanidade.

2 comentários:

Cid disse...

Bravos! Temos cronistas nesta esfera!Muito bem. Adorei. E as demais atividades? Abraços.

Tamara disse...

Meninas, vocês arrasaram como cronistas. Possuem estilo, encadeamento dos fatos e um final inteligente. Bjs, Tamar.